sexta-feira, 3 de setembro de 2010

EDUCANDO E APRENDENDO SOBRE SEXUALISMO.

Ao educar meu filho, aprendo cada dia mais. Dia desses voltamos a falar sobre as escolhas sexuais de algumas pessoas que amamos. Ele, meu filho, agora com 13 anos, já formula perguntas que já vem impregnada de sua opinião sobre o que quer perguntar. Tento dar as respostas o mais honesta possível, sem no entanto expressar minha opinião particular sobre isso ou auilo, deixando para ele, as suas próprias escolhas. Findo o papo, lembrei-me, que aos nove anos, tivemos a nossas primeira conversa sobre hetero e homossexualismo. Como o tempo passa. Procurei o texto e transcrevo aqui,o que escrevi em 17/07/2006.

RESPEITO ll.
Uma das mais difíceis tarefas que encontrei é a educação de meu filho. Todos temos vontade de mudar alguma coisa na natureza, não é? Uma das coisas que tenho vontade de mudar é a forma de moldar o caráter de uma pessoa. Sempre brinco dizendo que os bebês deveriam vir com uma bula. Mas aí lembro da perfeição do criador, que fez cada um de nós seres únicos e bulas são para centenas de coisas comuns ou iguais.
Deparei-me esses dias com a indagação de meu filho, sobre a sexualidade masculina( tenho um filho de nove anos). Queria saber porque um amigo da família estava vestido de mulher em uma comemoração de um dos jogos da copa, sendo que dias depois o encontrou novamente com roupas "masculinas". Queria saber também se esse amigo nunca iris namorar mulheres e se ele próprio, poderia querer namorar pessoas do mesmo sexo que ele um dia.
Meus amigos, foi neste momento que vi a grandeza de sermos pais e mães. Na resposta que iria dar a ele naquele momento, estaria formando para sempre a sua opinião sobre um dos mais sérios e desrespeitados assuntos de nossa sociedade.
Como explicar para uma pessoa de nove anos, que a coisa mais triste é abrir os olhos e deparar com um corpo que nada tem a ver com seus sentimentos e emoções.
Como explicar a ele que as pessoas têm medo do diferente( sou negra, sei bem o que é isso), e esse medo as fazem ferir e rotular ao invés de conhecer mais sobre o assunto.
Como explicar a dor desse meu amigo, quando foi tentar explicar a seus pais o que lhe ocorria interiormente e estes, também com medo e ignorantes do assunto, apenas pensar no lado sexual da conversa e se fecharem para qualquer tipo de entendimento, preferindo inclusive deixá-lo á margem da família.
Como explicar a hipocria reinante em nossas cidades(principalmente as pequenas), que preferem tratar os homosexuais masculinos comos seres "engraçadinhos" e femininos como "ameaçadoras".
Como explicar que a homosexualidade não está apenas em gostar da pessoa do mesmo sexo, e sim não se sentir dentro do sexo que a natureza e a sociedade escolheu. Sim, porque sexo também é comportamento. Foi nos ensinado que mulher se comporta assim e homens se comportam doutra maneira. E se por ventura alguém de nós não se enquadrar totalmente em um ou outro comportamente, lá vem os rotuladores.
Como explicar que cada um de meus amigos homosexuais em tudo que fazem, são sempre "the best", justamente por seres ambíguos e também por terem que a cada dia provarem para essa sociedade hipócrita, que uma pessoa é muito mais que uma opção sexual.
Como explicar que ele, que para ser gay tem que ser muito macho, pois seria mais fácil esconder-se a enfrentar os tais "ignorantes".
Como explicar a ele que para ser amigo de gay, pai de gay, mãe de gay, amigo de gay(amigo, não é coleguinha, não), irmão de gay, simpatizante do movimento gay, defensor arraigado das causas e pessoas gays, também tem que se ter muita coragem e amor.
Como explicar tudo isso e muito mais...
Da resposta que eu desse naquele momento ao meu filho, eu não estaria formando apenas um cidadão. Estaria formando uma pessoa. Pois a gente nasce com uma índole, mas o caráter se molda. Naquele exato momento eu estaria dando para ele a oportunidade de ser uma pessoa que respeitasse o outro como ele é, ou estaria ali criando mais um ser humano cujo ambiente preferido seria um divã de um analista, ou ainda uma pessoa que por ignorância e medo(como tantos), não soubessem o devido sentido da palavra RESPEITO( olha aí os neo-nazistas).
Olhando os olhinhos indagadores daquela criaturinha, que punha e põe em mim toda a responsabiulidade do seu saber, que é meu fã número um, pois mãe é sinônimo de perfeição, respondi apenas o que o está no meu coração: Meu filho, este corpo não é nada. É o habitat do espírito santo. Lógico que temos que cuidar dele, pois um dia entregaremos ele ao legítimo dono: a terra, o pó. E é esse espírito que foi feito a imagem e semelhança de DEUS quando ELE nos criou. Somos todos iguais. O que faz a diferença, não é a cor da pele, o dinheiro, a opção religiosa, partidária, sexual, ou outra coisa qualquer. É o comportamento diante de DEUS. É o amarmos uns aos outros como ele nos amou, ao ponto de nos fazer diferentes para ver se realmente somos capazes de amar algo que não fosse apenas o espelho da gente.Então como espíritos que somos, podemos ser o que quisermos, desde que este querer não nos desrespeite ou a qualquer outra pessoa. Desde que este querer não nos faça menor diante do PAI. E, se você um dia se sentir assim, "meio diferente", se eu ainda estiver aqui caia no meu abraço, se não estiver lembre-se: seja sempre você mesmo, ame-se e respeite-se.

Talvez eu não tenha respondido com todas estas palavras, mas espero que ele tenha entendido o sentido de todas elas,
AMEMO-NOS. PAZ E LUZ. MIRIS